quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Meia liberdade, hipocrisia absoluta?

É algo surreal. Você é livre, mas nem tanto, para se expressar. Dizer o que sente, dizer o que quer, da forma como quer, simplesmente, se expressar. Mas não pode. Não pode porque eu não vou deixar você fazê-lo. Simples assim.

Tente transpor minhas barreiras, tente me fazer acreditar que as coisas que você diz são reais, que tudo que você imagina pode, de certa forma, se concretizar. Absolutamente que não pode. Não pode porque eu não deixo, porque eu acho que é imoral, porque eu acho que não tem sentido. Somente eu? E daí? Eu falo, eu posso.

Escuta que eu te falo: mais vale a pena ter uma liberdade restrita do que ser restrito totalmente. Certo? Errado! Liberdade restrita não é liberdade, idiota. Basta analisar a palavra. Mas e daí? Quem disse que eu ligo para o que você pensa? Já disse no começo: tudo é limitado.

Como um rolo compressor esmago tuas ideias e teus ideais mais rápido que o lampejo de um raio. E tal qual este, lhe reduzo às cinzas do esquecimento.

Fazer todos acreditar que o mundo é perfeito, e que tudo nele, com tudo que nele contém não nos basta para sermos felizes é o meu propósito. Vá em frente, consuma e se consuma. Enquanto existirem caminhos livres para que sozinho eu trilhe, ótimo. Quando não existirem mais caminhos? Chame de utopia. É bonito.

Mas, e então? O que você ia me propor? Ah, sim, que eu faça aquilo que estou com vontade, pois enquanto você se distrai lutando para comprar tudo que eu faço você acreditar que precisa, eu armo meus jogos, eu massacro meus inimigos ridicularizando-os, e quando você chegar no fim e ver que tudo passou e que nada de valioso você conquistou, eu lhe dou um lugar para que chame de eterno. E que seja eterno enquanto dure, não é mesmo?

É inodoro, mas fede a putrefação. É insípido, mas é amargo. É insensível, mas é cruel. É temeroso, mas confie em mim que eu te faço chegar lá.

Eu devia te dar liberdade, mas te prendo em mim. Devia te dar segurança, mas lhe causo medo. Devia lhe ser justo, mas amo a injustiça que paira sobre ti. 

Deveria, ainda, ser imperceptível, mas o faço sentir todo meu peso sobre teus ombros.

Deveras absurdo, meia liberdade pra quê?...