quarta-feira, 18 de maio de 2011

Penso, e não desisto

Hoje eu reclamei pro vento. Hoje eu expus minha raiva e minha indignação, em parte, em uma vã tentativa de obter comoção alheia. Hoje eu reclamei muito, reclamei demais, fui rabugento mesmo. Não o fiz de forma insensata, pois eu acredito cegamente que insensatos são aqueles que nos fazem irar, e depois pirar.
Hoje eu reclamei, pois cansei de enfrentar filas enormes, de enfrentar burocracias ridículas, no futuro quem sabe até para tomar um simples café. Hoje eu reclamei, e reclamei muito por não entender nada do que se passa nas terras Tupiniquins. Irado, muito mesmo. Mas acredito que foi sem sentido. As coisas não vão se resolver porque eu reclamo, as coisas não vão se resolver porque eu grito. As coisas se resolvem se eu fizer, se eu lutar. Cada um à sua maneira, mas fazer alguma coisa, pois não é porque sempre foi assim que precisar continuar sendo.

Se você sofre de alguma dor física, você age, você procura sanar o problema. Para alguns, quando essa dor é emocional, o caminho é o mesmo. Mas quando se trata da moral, dos bons costumes, dos princípios, aí a coisa sempre foi assim e não o que se fazer.

Lutemos, levantemos nossas cabeças para enfrentar essa monstruosidade burrocrática que assola nosso País, aquele a que nos referimos ser o País da graça, das beldades, onde não há eventos naturais que nos abalem. Mas eu ouso discordar. Discordo, pois a Natureza pode não ter nos colocado em posição de ação de furacões, tempestades, vulcões ativos, terremotos, maremotos, tsunamis, e por aí vai. Mas colocou uma ação subjetiva e impiedosa: a ação de poucos que prejudicam milhares, milhões.

Pagando impostos altíssimos, enfrentando burocracia desnecessária, “burrificando” nossas crianças, expondo nossos irmãos e irmãs aos mais variados níveis de violência, seja ela moral ou física, nos expondo cada vez mais em um abismo onde pouquíssimos mandam e milhões se submetem.

Essa descrição me remete à imagem de várias pessoas puxando uma biga enquanto alguns estão em cima dela chicoteando aqueles que lhes conduzem. E nosso Hino Nacional ainda diz: verás que um filho teu não foge à luta, nem teme quem te adora à própria morte, terra adorada.

Se entre outras mil és tu Brasil Pátria amada, por que, então, machucamos a quem amamos? Ou será que não nascemos amorosos?

Hoje foi um dia de reflexões, um dia difícil. Amanhã será melhor, eu tenho certeza. Afinal de contas, “eu sou brasileiro e não desisto nunca”. Será?...