terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Um passeio, uma noite nublada e uma conversa esfumaçada

Nada mais sei de ti que não o velho e preocupado semblante com que me fitava distintamente daquele canto escuro; nada sinto mais de ti, que não o cítrico perfume que outrora dominava o ar.

Nada mais tenho por ti que não a velha saudade de não mais habitar meus pensamentos.

De ti, nada mais resta que não uma vaga lembrança das risadas, que hoje o tempo se encarregou de aquietar.

Aquiesci a teus ensinamentos, e logo mergulhei em meu íntimo, para dali nunca mais sair. Caminhei vagarosamente pelos caminhos dos devaneios, me deixei levar por ilusões alheias, e cá estou, pacientemente partilhando minhas angústias e meus sofrimentos.

Te amei e te odiei na mesma intensidade com que te conheci. Hoje, não me vejo mais em ti, não te vejo mais em mim.

Sinto muito por ter te deixado, mas foi necessário te perder para poder me encontrar.

Quanto àquele velho suspiro sussurado, terei de com ele conviver até que um dia a eternidade de minha vida se incumba de sufocar-te de vez.