segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Lágrimas pro futuro

Enquanto você se desaba em prantos, tudo segue o ritmo normal de um dia de verão. As pessoas andam se abanando na rua, reclamam do calo que está fazendo no elevador, mas tudo se resume a lágrimas.
 
Um dia se passa, semanas, meses, até que você se dá conta que tudo mudou, menos você. Mais uma razão para que você se deixe abalar novamente: você vê a foto dos seus amigos comemorando em um bar, da sua prima que foi viajar com um namorado que você nem sabia que existia, e repara que trocaram o cartaz da porta do cinema. Tudo em um curto espaço de tempo.

Justamente neste momento você tem duas opções: ou permanece no estado em que está, e tudo é irritantemente monótono, onde você passa as horas comentando com seu colega de trabalho que seus amigos te esqueceram, que ninguém liga mais pra você, que o mundo não te quer, e tenta arrancar atenção dele pra você dizendo: "acho que o melhor é por um fim em tudo isso". Daí, mais duas opções: ou você vai permanecer no ostracismo da auto-piedade, ou você realmente executa seu plano e vira história.

Simples assim. Mas há outras opções também.

"...você tem duas opções:".

Opção 2 - começa a observar que, ainda que tudo tenha mudado, você ainda vive na lembrança das pessoas cujas vidas foram marcadas pela sua, passa a mão no telefone e liga pra elas. Combina uma cerveja, um almoço, jantar, enfim, dá um jeito de encontrá-la. Não deu certo? Não desiste e continua tentando: nem tudo que aparenta ser de fato é. Não, não é simples. E por quê? Porque todos os indícios que você acumulou em meses lhe mostram justamente o oposto (opção 1): ninguém te ama, ninguém te quer. Mentira. Pura mentira. As pessoas apenas não são muito acostumadas a ficar ouvindo problemas dos outros por acharem que já têm problemas demais. É isso. Liga pra alguém e chama pra ir pra uma festa. Agora, liga pra essa mesma pessoa e pede pra te ouvir. Poucos terão tempo de ouvir, mas muitos terão tempo de festejar.

Mas não se deixe enganar pelas falsas impressões, pois a justificativa de estar ocupado realmente pode significar que está ocupado. Tá vendo? Nem tudo é tristeza! E lembre-se de uma coisa: a insistência cansa. Até você se cansa.

Aliás, se quem você procura está tão ocupado assim para te receber, deixa pra lá e parta pra outra. Há inúmeras pessoas de inúmeros jeitos diferentes neste mundo, já reparou? Ou tá pensando ainda na opção 1?

É difícil crescer, é difícil adaptar-se. Ninguém se adapta do dia pra noite ou vice-versa. É necessário tempo para que tudo se encaixe no lugar. A violência se mostra súbita, repentina e de várias formas, sujeitando a todos. Cabe a você escolher o caminho para se esquivar dos efeitos dela.

Desencana. Viva cada dia de uma vez, cada momento de uma vez, sem perder o foco no médio e longo prazo, afinal os dias compõem semanas, que compõem meses, que constroem anos, onde se solidifica uma vida. Tudo vai ficando leve, teus ombros ficam mais fortes, e a vida te prepara para um novo amanhã.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Estagnação

Quando a vida pára
e você se dá conta de que ela parou,
tudo que você até agora carregou
queda-se inerte.
Porque a vida pára.

Da irresignação com a vida,
Você sai em busca do teu eu,
o interior pra onde nunca deveria ter olhado.
Tudo, porque a vida pára.

Você sorri, você experimenta,
você ouve, você senta.
Até que não mais aguenta,
porque a vida pára.

Pára de ser monótona,
pára de ser mesquinha,
pára de ser torta...
Simplesmente, a vida pára.

Seus páreas não te compreendem,
mas tudo que começa tem um fim.
Obviedade maior não existe.
Mas em não acreditar, você insiste.

Desiste. Vai e segue teu caminho.
Porque a vida pára, e tudo que pára recomeça.
Descarrega todas tuas mágoas.
E segue em frente,
pois tudo tem um preço.
Até que, novamente,
a vida pára...