Quando a vida inverte seu ciclo natural, onde as coisas que deveriam acontecer posteriormente acontecem antes, de nada adianta consultar o mais sábio dos sábios, pois nenhuma sabedoria do mundo irá aplacar o sentimento de vazio que a inversão nos deixa.
A cicatriz que fica somente deixa clara a plausibilidade de qualquer fator alterar a percepção de tudo aquilo que um dia sonhamos, que um dia vivemos, que um dia fomos, para nos tornar algo novo.
A inquietação de buscar por respostas, de procurar objetividade, onde nenhuma clareza se fez presente, onde nenhuma lógica existe, sempre assolará nossas almas, não importa onde estejamos, tampouco o que estejamos fazendo.
Onde antes batia um coração, agora jaz um peito vazio, absorto, que busca incessantemente preencher o vazio deixado pela fruta vital, por aquele mecanismo que nos transmuta dia-a-dia.
E o que dizer, então, para os mais novos? Dizer que foi um sonho, se o sol ainda não se pôs? Difícil imaginar, portanto, como será o dia de amanhã, como será a semana seguinte, como será o mundo. E, se me permitem o egoísmo, o mundo de cada um.
Tudo funciona de acordo com a lógica imposta pela dinâmica vital, mas nem tudo se processa como se assim fosse, nem tudo se posta à nossa frente como se assim devesse. E por que, então, persistimos, já que o destino se incumbiu de roubar o tempero e sabor da vida?...
Persistimos porque aprendemos, persistimos porque devemos persistir, e persistimos novamente porque queremos escrever nossa história individual de superação, de transposição dos obstáculos. Persistimos porque temos que ensinar àqueles que ainda começam sua caminhada de que a vida é mágica, que a vida é divina, e que o amor transpõe todos os tipos de barreiras e obstáculos.
Persistimos porque, ao mesmo tempo que nos é roubado de sopetão tudo aquilo que nos dava alegria ao acordar de manhã, nos é dada a força necessária à superação, nos faz aprender que tudo pode ser superado, que podemos fazer tudo novamente, e que toda a novidade que está prestes à surgir pode e deverá ser melhor.
Beneficiamos, sim, todos aqueles que deixamos após nossa partida, ensinando que tudo que é difícil nem sempre o é, e nem tudo que aparenta ser fácil é rápido de ser solucionado.
Aprendemos, ensinamos. Esse é um mecanismo que nos move adiante, é isso que nos faz entender que, nem tudo aquilo que não tem resposta, respondido está.