quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vida voando em vidas

De uma forma introspectiva e obtusa, mergulhei na solidão das almas, inquietas e frias, com mente torpe e de difícil abstração.

Fui de sopetão acordado por alguém batendo à porta da imaginação. Mas isso não passou de um vendedor de enciclopédias, cuja face triste e cansada ignorei com desprezo.

De nada adiantava ver as nuances do céu ao nascer do sol, se em seu poente eu estaria no mesmo estado catatônico, senão pior.

Sentia verter dos vermes toda podridão que há nos mais mesquinhos sentimentos, até perceber que não estava só a contemplar. Mas a companhia que cerceava meus instintos convictamente, nada mais era do que um distorcido reflexo de mim mesmo induzindo-me a erros, crassos e infantis.

Roguei à Deus que me desse asas para que pudesse voar para longe dali, pedido este que fora sutilmente recusado sob a égide do descaso, do abandono.

Estava ali, e não estava mais. Havia algo entre mim e minha consciência que não me deixava soltar as amarras.

E, de tanto insistir, cá estou em mar revolto à procura de ti...

Ao passo que tal loucura me assola, também me conforta, fazendo-me querer bem mais que um simples abraço. Tanto querer assim, resulta em sessenta dias de furacão após sessenta segundos de brisa.

Não paramos nunca, não desistimos jamais. Apenas entregamos as armas e abaixamos nossas defesas. Para nunca mais sermos atacados, tampouco atacar; apenas para não mais sermos vistos como sempre: aptos e prontos à guerrear, seja por um grão de areia, seja por uma montanha toda.

Do pó ao pó, das cinzas às cinzas, carregaremos nossos pecados e virtudes ao longo tempo, enquanto este passa, passando então, a não sermos mais lembrados, nem por nossos erros, bem menos por nossos feitos. E assim a vida segue, e assim os dias passam. E assim a humanidade dá seus passos.

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