quarta-feira, 24 de junho de 2009

Alface, molho pra salada ou ambos?

Eu olhava no horizonte por horas e horas seguidas. Sentia o cheiro da chuva que chegava junto com aquele vento quente e úmido de verão. Fim de tarde, sol se pondo, chuva chegando. E o que diabos eu estava fazendo ali, sentado na grama, sozinho, olhando pro horizonte, olhos marejados e apaixonados?...

Paixão. Nutri esse sentimento por quanto tempo e por quem? Então, por ninguém. Pelo menos eu achava que era por nada. Uma imagem que se refletiu em meus pensamentos e em tudo que eu olhava eu via um vulto. E, pasmo, a imagem era eu mesmo. Estive em verdadeira lua-de-mel, por mim mesmo por anos, sem que ninguém me abrisse os olhos. Mas foi ótimo desta forma, enquanto durou...

A expressão de tudo? A imagem, o cheiro, as cores, enfim, tudo o que eu via em volta, o que era? Tudo parte de mim. A minha simpática construção de um mundo perfeito que vaguei por anos, onde tudo era o mais perfeito possível. E todos eram felizes.

Mas, então, o que vem a ser a definição da felicidade, já que a falsa sensação de estar tudo bem é criada por uma inspiração profunda e interior de si mesmo? A felicidade, portanto, é aparente. Aparente, porque criamos um mundo superficial no qual queremos viver. Em um segundo momento, desenhamos as pessoas que vão habitar aquele mundo conosco, como elas reagirão e o que elas serão. Já em outra fase, escrevemos as falas, todo o roteiro e a apresentação delas para, somente então, começarmos a imergir nosso corpo nessa imensa ilusão.

Um dia, o encanto se quebra. Ou simplesmente, dura pra sempre. No entanto, o choque entre a ilusão e a realidade é tamanho, que se torna insuportável para algumas pessoas; umas retomam o ilusório sentimento de felicidade, outras entram em desespero e decidem se esconder pra sempre e outras simplesmente aceitam a realidade como algo que sempre tangeu esse mundo de faz-de-conta e começam a edificar sua verdadeira felicidade.

Tá bom. Não vou deixar tudo com a sensação de que nada é real. E isso também não condiz com um experimento "Matrix". Mas o mundo e as coisas que nele acontecem são realmente simples. Analogamente, somente comer a folha de alface, lavada, não tem muita "graça". Mas se você coloca sal, a coisa já muda de figura. Experimente ir colocando molhos, azeite, etc. O que era uma coisa sem graça se torna algo agradável.

E é assim com nossos problemas: sempre que eles surgem, existe apenas uma forma de resolvê-los, ou seja, um só caminho; o sofrimento reside em qual caminho escolher (http://focosnoturnos.blogspot.com/2009/06/porre-das-vaidades.html).

Seja rápido em suas escolhas, pois a vida passa muito rápido. As areias do tempo escoam por nossos dedos e mãos sem que venhamos a perceber as pequenas e maravilhosas coisas que passam ao nosso redor.

Vamos dormir de conchinha? Só por hoje...

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