quinta-feira, 2 de julho de 2009

Não me chame, Tristeza...

Você me chama. Eu quero sumir desse lugar. Mas você insiste em me dizer que não adianta escapar, pois os problemas me acompanharão para onde quer eu vá. E eu levar-te-ei junto a mim.

Gostaria de levar somente os bons momentos, somente aquilo que pode ser palpável e tangível. Mas não consigo enxergar nada no meio de toda essa poeira, que cega meus olhos e não me deixa outra opção senão a de ver com meus ouvidos e tato, pois o gosto, já nem sinto mais.

Não há cores, não há formas definidas. Tudo que toco e tudo que ouço são apenas pedaços do todo, e desta forma eu construo em mim a imagem daquilo que eu acho que é certo, mas, como não consigo ver nada, não consigo ter uma exata noção do que está à minha frente.

Uma hora ou outra a poeira irá baixar, e será preciso caminhar com passos vagarosos para que tudo não volte a ser como está, um grande turbilhão de coisas inacabadas e imaginadas, que necessariamente não condizem com a realidade.

Ouço vozes distantes, vozes aproximadas, e com medo, distanciei-me do mundo ao meu redor. Não sinto nada, não penso nada, não tenho um foco definido. Pedaços de mim mesmo, sentidos confusos, pedaços de pessoas, vontade de viajar pra longe e ficar um tempo fora dos palcos. Acho que estou cansado de algumas coisas que vi, ainda que pela metade, pois se a fração já me pareceu algo distorcido, a construção do todo pode me surpreender negativamente.

***

"Tristeza, por favor vá embora.
Minha alma que chora está vendo o meu fim.
Fez do meu coração a sua moradia.
Já é demais o meu penar.
Quero voltar àquela vida de alegria. Quero de novo cantar."
("Xô Tristeza" - Composição: Heitor dos Prazeres)

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