terça-feira, 21 de julho de 2009

Bolinhos de chuva e tempestades...

Tenho a sensação de que o tempo está passando incomensuravelmente rápido, e tudo à minha volta está mudando. Principalmente as pessoas que me orbitam com frequência. E o que me deixa puto da vida, grande parte do tempo, é não saber o porque de tudo isso, e não conseguir compreender o motivo de tudo.

Muitas coisas aconteceram, estão acontecendo, muita coisa mudou. Todos me perguntam se tenho algo novo a dizer, e eu sempre digo que não. E o porque desse comportamento mesquinho? Por pura falta de interesse de manter uma conversa, ou mesmo por achar que as mudanças que notei, que sinto, não interessariam passar por debates extensos, filosóficos e exaustivos. Mas a razão de tudo, mesmo, é que estou sentindo falta de algumas noites onde eu ficava observando o horizonte escuro à cintilar pequenos pontos de luz, com aquela companhia em especial.

Não. Tenho certeza de que meu problema não é a incompreensão. Não é a solidão, pois vivo rodeado de várias pessoas, que pensam de várias formas diferentes, mas que sempre se entendem de alguma forma diferente. Reluto em achar que alguma coisa diferente acontece, e que isso está me deixando, de alguma forma, perturbado, pois não quero aceitar o fato, simples e lógico, de que o tempo está passando e que, como tudo na vida, as coisas estão mudando junto.

Imbuído de um sentimento de apatia, é estranho a forma como vejo todos os dias o sol nascer, cada vez mais cinza, notar que meus cigarros não têm o mesmo sabor de outrora e que meu café já não mais ostenta aquele aroma que me fazia pular de alegria alguns anos atrás, logo que acordava. Ando não sentindo mais a motivação de percorrer todos os dias certos caminhos, por saber que, invariavelmente, no final, acabarei sentado em um banco de praça, solitário, a pensar em como tudo, um dia, teve a intensidade de um autêntico Technicolor...

Quando era criança, costumava ver todos meus heróis da TV perfeitos. Não notava as imperfeições como defeitos, não via o desenrolar das estórias com desinteresse, não sentia o tempo passar, não sentia os dias fluírem, pois tudo era uma eterna descoberta. E hoje? Tudo não passa de meras certezas fundamentadas na hipocrisia de poucos parcos heróis.

Dia a dia, onde estão as coisas mágicas, sensatas e simples, como bolinhos de chuva em dias de tempestade, temperados com açúcar, canela, cheiro de café pela casa, barulho de chuva, cheiro de chuva, perfume de vida, brilho de vida, tesão... Pra onde foi tudo isso?...

É... Um dia tudo volta a ser como outrora. O único problema nisso tudo, é aplacar a ansiedade enquanto se espera o tempo passar para que a próxima estação possa refazer de cor todo o jardim de nossa infância...

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